quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Aeronáutica quer novo foguete nacional; custo do projeto pode ser entrave

FOLHA ONLINE 03/01/2011 12h28
A Aeronáutica está planejando um novo foguete lançador de satélites brasileiro. O VLS-Beta, como está sendo chamado, deve substituir a partir de 2020 o malfadado VLS-1, que pegou fogo em 2003, matando 21 pessoas.
O VLS-Beta integra uma proposta entregue na semana passada à equipe do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia). Ela foi elaborada pelo DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Espacial), da Força Aérea Brasileira, pelo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pela AIAB (Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil).
Seu objetivo é aproveitar o governo que entra para influir no rumo da política espacial, que sofre cronicamente de falta de planejamento, financiamento e integração entre seus atores.
A conta apresentada a Mercadante é salgada: para o setor de satélites, seriam R$ 500 milhões por ano a partir de 2016. O desenvolvimento de foguetes nacionais precisaria de R$ 160 milhões ao ano, subindo para R$ 210 milhões de 2016 a 2017.
Para comparação, todo o PNAE (Programa Nacional de Atividades Espaciais) terá em 2011 R$ 350 milhões.
O que as três instituições prometem em troca é o desenvolvimento de um parque industrial de alta tecnologia --algo equivalente ao que a Embraer representa hoje.

CRUZEIRO DO SUL

O VLS-Beta integra a família de lançadores Cruzeiro do Sul, substituta do VLS.
Ele representa uma inovação em relação ao VLS-1, um projeto da década de 1980 que caducou e é considerado um "beco sem saída tecnológico", incapaz de colocar em órbita cargas maiores que 150 kg (satélites de observação pesam dez vezes isso).
O VLS-1, cujo voo inaugural será em 2015, tem um sistema de propulsão considerado antiquado, com quatro motores no primeiro estágio.
A Aeronáutica quer concluí-lo como "demonstrador tecnológico", mas sabe que o foguete não tem futuro.
O Beta teria só um motor no primeiro estágio e poderia colocar em órbita satélites já em desenvolvimento no país, como os da série Amazônia (de monitoramento da floresta) e Lattes (de pesquisa de clima espacial e de raios-X).
Antes de o Beta ficar pronto, porém, o DCTA quer usar uma evolução do VLS-1, batizada Alfa, para lançar satélites do Inpe a partir de 2015.
A parte alta do foguete, crucial para transportar a carga útil, seria desenvolvida em parceria com algum país que domine a tecnologia.
A Aeronáutica trabalha também, com a Alemanha, no desenvolvimento de um foguete pequeno, o VLM-1, a ser lançado a partir de 2015.
Os dois foguetes são uma resposta dos militares à parceria Brasil-Ucrânia para lançar o foguete ucraniano Cyclone-4 a partir de Alcântara, com fins comerciais.
O ex-ministro Sergio Rezende (PSB) apostou nela para suprir a deficiência do VLS-1. A Aeronáutica nunca engoliu o Cyclone, que abocanha recursos que poderiam ser do foguete nacional.

Fonte: Correio do Estado

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Quando o dragão "ameaça" a águia



24/01/2011 - 18:01
Geopolítica: Quando o dragão "ameaça" a águia


Avanço da China no campo da tecnologia militar assusta os EUA

Varsóvia - Existem margens para se evitar uma desestabilizadora queda-de-braço no centro da política internacional entre EUA e a emergente China? O de certa forma idealista e otimista cenário vê a China integrando-se aos mecanismos da globalização e, em consequência, não buscando a derrubada da ordem liberal e internacional dos EUA.
O cenário pessimista prevê queda-de-braço análoga com aquela entre a constituída Grã-Bretanha e a emergente Alemanha há um século. Entretanto, evoluções recentes não permitem grande otimismo.
A pretexto de preparar a visita aos EUA do presidente da China, Hu Jintao, visitou a China o secretário da Defesa, Robert Gates, e no dia em que foi visitar o presidente Jintao, as Forças Armadas da China realizaram o primeiro teste de vôo de um avião stealth, tipo que os radares e outros equipamentos sofisticados de localização não detectam, mantendo-se assim invisível. E até agora só os EUA dominavam esta tecnologia stealth.
Esta história tem particular interesse, considerando que, aparentemente, o presidente Jintao ignorava a realização do teste, quando foi indagado por Gates durante o encontro dos dois. Dizem que foi preciso que autoridades militares informassem o presidente acerca da realização do teste. Dizem...
Nos EUA o incidente foi interpretado diferentemente. Vários comentaristas políticos formularam perguntas sobre até que ponto a liderança política da China controla suas Forças Armadas? O governo apressou-se a declarar que o teste do stealth já era programado há tempo e não tinha relação alguma com a visita do secretário da Defesa dos EUA ao país.
Contudo, anotem que, em recentes declarações, Gates havia afirmado que "a China não atingirá até 2020 a específica tecnologia do stealth em sua forma aplicada". Assim, talvez, o teste tenha sido um recado dos militares chineses ao Gates para calar a boca e parar de desdenhar a galopante capacidade militar amarela.

Japão alarmado

Após a China, Gates visitou Japão que, alarmado pelo crescente poderio militar chinês, está profundamente interessado e ansioso para estreitar ainda mais suas já asfixiantes relações de defesa com os EUA e a Coréia do Sul. A ascensão do poderio chinês já começou a polarizar o Leste Asiático em campo militar adversário, com os EUA funcionando como onipotente aliado dos adversários periféricos da China.
Já se sabe que a Rússia está se incomodando com a China. Durante décadas a China foi um dos maiores compradores de aviões militares russos de tecnologia avançada. Mas, recentemente, a China copiou totalmente os modelos russos e já exporta seus próprios aviões, cópias dos russos.
No caso específico de sua atual visita aos EUA, Jintao tentou suavizar as ameaças que provocaram aos EUA e seus aliados os sucessos dos chineses no desenvolvimento da tecnologia militar. É óbvio que é muito cedo, ainda, para a China buscar uma queda-de-braço com os EUA. Entretanto, não se iludam. A queda-de-braço entre o dragão chinês e a águia norte-americana parece cada vez mais provável dentro de algumas décadas.

Alex Corsini
Sucursal da União Européia. 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Avibras anuncia 170 demissões; sindicato planeja reivindicação, em Brasília

Imagem: Lucas Lacaz Ruiz
Depois da confirmação de 50 demissões anunciadas ontem, 24,  pela Avibras Aeroespacial de São José dos Campos e Jambeiro, o Sindicado dos Metalúrgicos mobilizou os trabalhadores para uma assembléia. A assembléia ocorreu hoje, pela manhã e surpreendeu o sindicato com um novo anúncio, dessa vez, de 170 demissões, o que segundo a entidade configura demissão em massa. " Essa demissão em massa sinaliza a política da empresa. De 1100 funcionários 170 foram dispensados, o que representa 16% do efetivo da empresa", explica José Donizette Almeida, um dos diretores do sindicato.

A mobilização paralisou durante sete horas a produção da fábrica. Durante esse tempo foram discutidos pontos como estabilidade no emprego, suspensão imediata das demissões, abertura de negociações e aprovação do Programa Astros

2020. Após a apresentação da proposta pelo sindicato, a empresa ofereceu estabilidade até 5 de março - até lá mais nenhum funcionário será demitido, e a prioridade dos demitidos em processos de seleção que, por ventura, sejam abertos pela fábrica.

De acordo com o sindicato, a Avibras alega que a demissão dos 170 funcionários é resultado das dificuldades financeiras. Outro ponto que influenciou a decisão da empresa foi a demora do Governo Federal em assinar o contrato para o desenvolvimento do Programa Astros 2020 - conjunto lançador de foguetes de artilharia a ser construído em parceria com o Exército Brasileiro.

Ainda segundo o sindicato, a fábrica afirmou, no ano passado, que o Programa Astros seria fundamental para a manutenção de 600 empregos e que a empresa teria recebido um empréstimo de R$12 milhões do Governo Federal para a recuperação financeira.


O Sindicato planeja ir até Brasília reivindicar uma posição do Governo Federal acerca das demissões e do Programa Astros 2020.

Para isso, estuda a possibilidade de mandar três ônibus à Capital Federal, sendo dois com trabalhadores e o outro com ex-funcionários.

Nossa reportagem procurou a empresa para falar sobre o assunto, mas a assessoria de imprensa informou que a presidência não se pronunciará.

fonte: Agora Vale

EUA tentaram impedir programa brasileiro de foguetes, revela WikiLeaks

(Eu já sabia...)


por José Meirelles Passos

RIO - Ainda que o Senado brasileiro venha a ratificar o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas EUA-Brasil (TSA, na sigla em inglês), o governo dos Estados Unidos não quer que o Brasil tenha um programa próprio de produção de foguetes espaciais. Por isso, além de não apoiar o desenvolvimento desses veículos, as autoridades americanas pressionam parceiros do país nessa área - como a Ucrânia - a não transferir tecnologia do setor aos cientistas brasileiros.
A restrição dos EUA está registrada claramente em telegrama que o Departamento de Estado enviou à embaixada americana em Brasília, em janeiro de 2009 - revelado agora pelo WikiLeaks ao GLOBO. O documento contém uma resposta a um apelo feito pela embaixada da Ucrânia, no Brasil, para que os EUA reconsiderassem a sua negativa de apoiar a parceria Ucrânia-Brasil, para atividades na Base de Alcântara no Maranhão, e permitissem que firmas americanas de satélite pudessem usar aquela plataforma de lançamentos.
Além de ressaltar que o custo seria 30% mais barato, devido à localização geográfica de Alcântara, os ucranianos apresentaram uma justificativa política: "O seu principal argumento era o de que se os EUA não derem tal passo, os russos preencheriam o vácuo e se tornariam os parceiros principais do Brasil em cooperação espacial" - ressalta o telegrama que a embaixada enviara a Washington.
A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que "embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil". Mais adiante, um alerta: "Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil".
O Senado brasileiro se nega a ratificar o TSA, assinado entre EUA e Brasil em abril de 2000, porque as salvaguardas incluem concessão de áreas, em Alcântara, que ficariam sob controle direto e exclusivo dos EUA. Além disso, permitiriam inspeções americanas à base de lançamentos sem prévio aviso ao Brasil. Os ucranianos se ofereceram, em 2008, para convencer os senadores brasileiros a aprovarem o acordo, mas os EUA dispensaram tal ajuda.
Os EUA não permitem o lançamento de satélites americanos desde Alcântara, ou fabricados por outros países mas que contenham componentes americanos, "devido à nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil", diz outro documento confidencial.
Viagem de astronauta brasileiro é ironizada
Sob o título "Pegando Carona no Espaço", um outro telegrama descreve com menosprezo o voo do primeiro astronauta brasileiro, Marcos Cesar Pontes, à Estação Espacial Internacional levado por uma nave russa ao preço de US$ 10,5 milhões - enquanto um cientista americano, Gregory Olsen, pagara à Rússia US$ 20 milhões por uma viagem idêntica.
A embaixada definiu o voo de Pontes como um gesto da Rússia, no sentido de obter em troca a possibilidade de lançar satélites desde Alcântara. E, também, como uma jogada política visando a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Num ano eleitoral, em que o presidente Lula sob e desce nas pesquisas, não é difícil imaginar a quem esse golpe publicitário deve beneficiar.
Essa pode ser a palavra final numa missão que, no final das contas, pode ser, meramente 'um pequeno passo' para o Brasil" - diz o comentário da embaixada dos EUA, numa alusão jocosa à célebre frase de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua, dizendo que seu feito se tratava de um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade. 


fonte: O Globo

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

UnB vai formar engenheiros para área espacial

Com informações do MCT - 17/01/2011

Perfil aeroespacial

A Universidade de Brasília (UnB) será responsável pela formação do futuro corpo de engenheiros da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), fruto da parceria Brasil-Ucrânia para o desenvolvimento de foguetes espaciais.

Dez alunos que terminarão a graduação em Engenharia Mecânica neste semestre serão selecionados para a especialização aeroespacial, voltada para as atividades da empresa.

"Vamos procurar alunos com perfil aeroespacial", diz o professor Carlos Alberto Gurgel, chefe do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB.

Os alunos vão passar seis dos 18 meses do mestrado na Ucrânia. "É uma espécie de mestrado sanduíche e contou com o apoio do CNPq que julgou importante para a formação desses engenheiros", explica Gurgel.

O primeiro lançamento do Cyclone IV no Brasil está previsto para fevereiro de 2012, mas deverá ser prorrogado em quatro meses devido ao atraso do início das obras do centro de lançamento no Maranhão. "Queremos que esses engenheiros já estejam na ACS no dia do primeiro lançamento", afirma Santilli.

Lançador

Na UnB, os alunos cursarão disciplinas das Ciências Mecânicas e da Engenharia de Sistemas Eletrônicos e de Automação. Eles serão coorientados por cientistas ucranianos e, durante sua viagem, terão contato com três grandes instituições da área aeroespacial.

"Eles precisam se familiarizar com a atividade. Os alunos estarão em um centro de lançamento e vão conhecer o lançador que será utilizado no Brasil", explica Wagner Santilli, gerente de relações corporativas da ACS. Os alunos serão recebidos na universidade Dnipropetrovsk.

Gurgel conta que a relação entre a UnB e a Ucrânia contribuiu para que o comitê aeroespacial da ACS procurasse a universidade para gerir o curso. "Nós somos a única universidade brasileira que tem acordo com o país. Além disso, somos uma das melhores universidades na área", afirma. "A aprovação desse programa trará benefícios incalculáveis para a engenharia brasileira", comemora o Gurgel.

Glaucius Oliva, diretor de Engenharias, Ciências Exatas e Humanas e Sociais do CNPq, destaca a relevância do programa para o país. "A área aeroespacial é estratégica para o Brasil, e há grande carência de especialistas necessários ao crescimento das atividades comerciais esperadas para o futuro. O CNPq não podia deixar de investir na formação de jovens engenheiros na área", afirma.

"UnB Espacial"

A atuação da UnB na área aeroespacial está apenas começando. A ideia é montar um Centro Aeroespacial em Brasília para abrigar cerca de 100 cientistas, no campus da UnB Gama.

"Pensamos no Gama para contribuir com a expansão da UnB. Lá temos excelentes professores que trabalham com robótica, propulsão elétrica e estruturas aeroespaciais, são habilidades importantes para nós", conta o professor José Leonardo Ferreira, membro da Comissão Aeroespacial da UnB.

O objetivo do centro é focar em nichos que ainda não são explorados no Brasil. "A propulsão híbrida, propulsão elétrica e desenvolvimento de motores de mísseis são exemplos. Se trabalharmos com o que já estão estudando será um desperdício de dinheiro e tempo", explica Gurgel. A ideia de montar um centro em Brasília surgiu com presença de duas entidades da área com sede na cidade, a ACS e a Agência Espacial Brasileira (AEB).

O professor José Leonardo conta que as instituições já haviam procurado a UnB para fazer gestão de recursos humanos para o programa espacial brasileiro. "Muita gente da área está se aposentando. É preciso renovar o quadro para que o Brasil se torne independente", explica. A explosão de um foguete brasileiro em agosto de 2003 também contribuiu para o baixo contingente. No acidente 21 técnicos civis morreram.

fonte: Inovação Tecnológica

domingo, 23 de janeiro de 2011

Japão lança foguete com suprimentos para Estação Espacial


O transportador de carga não-tripulado, HTV2, leva 5,3 toneladas de material, que inclui alimentos e 80 quilos de água potável

TÓQUIO - Um foguete com suprimentos para a Estação Espacial Internacional (ISS) foi lançado com sucesso do centro espacial de Tanegashima, no sudoeste do Japão, informou a Agência Aeroespacial do país (Jaxa).


Foguete japonês no momento do
lançamento. (foto EFE)
Após dois dias de atraso por causa do mau tempo na região, B, que carrega o transportador de carga não-tripulado HTV2, também chamado de Konotori 2, deixou o solo às 2h37 de domingo local (3h37 de sábado de Brasília) de Tanegashima.
O transportador se separou do foguete aos poucos minutos do lançamento.
Prevê-se que na próxima quinta ou sexta-feira ele chegue à estação espacial, indicou a Jaxa, citada pela agência de notícias japonesa "Kyodo".
O HTV2 transporta 5,3 toneladas de material, que inclui alimentos para os astronautas, 80 quilos de água potável e instrumentos para o centro científico que o Japão mantém na ISS.
Também leva sementes de tomate e pimentas para um experimento que o Japão realiza junto com a Malásia, Indonésia, Tailândia e Vietnã.
Após permanecer vários dias na estação espacial, o HTV2 será carregado com resíduos da ISS e retornará à Terra, para posteriormente se desintegrar na atmosfera terrestre.
O Japão desenvolve desde 2003 um intenso programa espacial que, baseado em sua tecnologia de ponta, se concentra na prospecção de planetas e asteroides.
* Fonte IG om EFE