quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Quando o dragão "ameaça" a águia



24/01/2011 - 18:01
Geopolítica: Quando o dragão "ameaça" a águia


Avanço da China no campo da tecnologia militar assusta os EUA

Varsóvia - Existem margens para se evitar uma desestabilizadora queda-de-braço no centro da política internacional entre EUA e a emergente China? O de certa forma idealista e otimista cenário vê a China integrando-se aos mecanismos da globalização e, em consequência, não buscando a derrubada da ordem liberal e internacional dos EUA.
O cenário pessimista prevê queda-de-braço análoga com aquela entre a constituída Grã-Bretanha e a emergente Alemanha há um século. Entretanto, evoluções recentes não permitem grande otimismo.
A pretexto de preparar a visita aos EUA do presidente da China, Hu Jintao, visitou a China o secretário da Defesa, Robert Gates, e no dia em que foi visitar o presidente Jintao, as Forças Armadas da China realizaram o primeiro teste de vôo de um avião stealth, tipo que os radares e outros equipamentos sofisticados de localização não detectam, mantendo-se assim invisível. E até agora só os EUA dominavam esta tecnologia stealth.
Esta história tem particular interesse, considerando que, aparentemente, o presidente Jintao ignorava a realização do teste, quando foi indagado por Gates durante o encontro dos dois. Dizem que foi preciso que autoridades militares informassem o presidente acerca da realização do teste. Dizem...
Nos EUA o incidente foi interpretado diferentemente. Vários comentaristas políticos formularam perguntas sobre até que ponto a liderança política da China controla suas Forças Armadas? O governo apressou-se a declarar que o teste do stealth já era programado há tempo e não tinha relação alguma com a visita do secretário da Defesa dos EUA ao país.
Contudo, anotem que, em recentes declarações, Gates havia afirmado que "a China não atingirá até 2020 a específica tecnologia do stealth em sua forma aplicada". Assim, talvez, o teste tenha sido um recado dos militares chineses ao Gates para calar a boca e parar de desdenhar a galopante capacidade militar amarela.

Japão alarmado

Após a China, Gates visitou Japão que, alarmado pelo crescente poderio militar chinês, está profundamente interessado e ansioso para estreitar ainda mais suas já asfixiantes relações de defesa com os EUA e a Coréia do Sul. A ascensão do poderio chinês já começou a polarizar o Leste Asiático em campo militar adversário, com os EUA funcionando como onipotente aliado dos adversários periféricos da China.
Já se sabe que a Rússia está se incomodando com a China. Durante décadas a China foi um dos maiores compradores de aviões militares russos de tecnologia avançada. Mas, recentemente, a China copiou totalmente os modelos russos e já exporta seus próprios aviões, cópias dos russos.
No caso específico de sua atual visita aos EUA, Jintao tentou suavizar as ameaças que provocaram aos EUA e seus aliados os sucessos dos chineses no desenvolvimento da tecnologia militar. É óbvio que é muito cedo, ainda, para a China buscar uma queda-de-braço com os EUA. Entretanto, não se iludam. A queda-de-braço entre o dragão chinês e a águia norte-americana parece cada vez mais provável dentro de algumas décadas.

Alex Corsini
Sucursal da União Européia. 

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